Após ordem do prefeito Bruno Covas — anunciada em entrevista coletiva em 16 de outubro, um mês antes das eleições municipais — a cidade de São Paulo adaptou 7.640 ônibus (quase 60% da frota da cidade) para que ofereçam wi-fi (rede de internet) gratuitamente aos passageiros.
Contudo, os contratos de concessão das empresas que operam as linhas de ônibus da cidade já previam a instalação do wi-fi, mas junto com a UCP (Unidade Central de Processamento), um supercomputador de bordo que permitiria para o passageiro uma série de confortos, como sinalização interna informando sobre as próximas paradas, como ocorre no Metrô.
Além disso, permitiria à cidade a possibilidade de economizar com o subsídio pago atualmente às empresas, na casa de R$ 2 bilhões, segundo a prefeitura.
Previstas para setembro de 2021, a SPTrans diz que as UCPs serão instaladas até lá, mas não deixa claro qual o prazo do SMGO (Sistema de Monitoramento e Gestão Operacional).
Tal sistema, que receberá os dados dos computadores de bordo quando estiver ativo, pode resultar em economia ao município, mas a SPTrans está “aguardando análise do Comitê Gestor para implantação” do sistema, segundo a empresa.
TCM investiga a instalação do wi-fi em separado
Após o Tribunal de Contas do Município receber uma denúncia sobre o caso e abrir a investigação TC/013430/2020, o conselheiro Edson Simões pediu esclarecimentos sobre a instalação do wi-fi separada da UCP à SMT (Secretaria Municipal de Transportes), que encaminhou a demanda à SPTrans (São Paulo Transportes), empresa pública que gerencia o transporte na capital.
O anúncio do wi-fi separado da UCP pegou de surpresa empresas que haviam se credenciado e obtido homologação da SPTrans para disputar contratos para fornecer às operadoras de ônibus a tecnologia de bordo prevista.
A direção de uma delas, que pediu que seu nome não fosse revelado por temer represálias, não quis disputar somente a instalação de wi-fi e se limitou a prestar consultoria informal a algumas empresas de ônibus sobre a tecnologia necessária.
As empresas habilitadas afirmam estar sofrendo prejuízos com a decisão da prefeitura de antecipar o wi-fi. Segundo a empresa fonte do UOL, em média, as empresas gastaram cerca de R$ 400 mil para obterem os certificados para concorrer e oferecer tanto a UCP, como o SMGO (cada tecnologia tem um processo de habilitação).
Adesivo indica a existência de wi-fi em linha de ônibus no corredor Nove de Julho, no centro de São Paulo.
Nem a SPTrans, nem a SPUrbanuss (sindicato das empresas de ônibus da Capital) divulgaram as linhas que já têm a tecnologia instalada ou nas quais o wi-fi já está funcionando para que a reportagem pudesse testar o serviço.
No último sábado (12), a reportagem do UOL tomou um ônibus com um adesivo sinalizando que havia wi-fi. Segundo o cobrador, seria necessário se cadastrar e obter uma senha no site da SPTrans. Não havia no site nenhum tutorial sobre como usar a tecnologia. No ônibus, nenhum aviso ou orientação ao usuário.